Habitáculo

2009 · Exposição coletiva no Espaço Avenida, Lisboa

Pharmacon: A cor e a figura


O meu trabalho parte da utilização de produtos/substâncias farmacêuticas, com fins terapêuticos, para a produção de cor na pintura.

Para diferentes terapêuticas existem medicamentos diversos que atuam sobre o corpo (físico), ou sobre o espírito, quer manifestando consequências visíveis, quer apenas permitindo aceder a descrições acerca das alterações que provocam, ou ainda só passiveis de ser demonstradas num outro plano, no plano da imaginação.

Pinto o espaço entre a realidade e a ficção, a cor do visível e a cor imaginada (não-visível). Num caso, uso tinturas produzidas em farmácia, como a tintura de iodo, noutro recorro a figuras da banda desenhada e do cinema de animação cuja historia se associa à utilização ou consumo de substâncias cujas consequências são decisivas no seu comportamento e, inclusive, na sua aparência cromática.

Fixo o momento e pinto o efeito transformador da cor sentida pelos bonecos animados.
Os bonecos animados/ícones da BD, que são sempre retratados como personagens saudáveis e fortes, tornam-se frágeis e tornam-se mortais ao utilizar como matéria-prima, produtos químicos voláteis e instáveis.

Interessa-me assim o efémero e a poética ma pintura.